quinta-feira, 16 de outubro de 2008

APRENDENDO A CONVIVER COM A BIPOLARIDADE

No momento que descobrimos que somos portadores de um transtorno mental e que a partir de um tratamento com medicação adequada teremos uma vida normal, achamos que é tudo e ponto. Conseguiremos ir em frente, tomar os remédios todos os dias e que nada vai abalar, vai mudar. E no princípio que estamos confiantes que tudo vai dar certo, que essa historia de tomar remédio o resto da vida está longe da nossa realidade, caímos em si. Hora tenho transtorno de humor bipolar, vou ao psiquiatra a cada 40, 60 dias, tomo meu estabilizador (LÍTIO), meu ansiolítico(DIAZEPAM E LORAZEPAM) e agora ate meu antidepressivo (FLUOXETINA). Enquanto conseguimos driblar tudo e todos a vida continua normal, a depressão parece que nunca mais vai retornar, pois esta tudo igual. Mas quando a realidade faz questão de nos por a frente da vida como ela é e que nada é brincadeira, tudo se torna difícil, pois ai começamos a enxergar nossa verdadeira realidade, onde temos que nos adaptar a uma vida normal sim, mas limitada, pois a questão que lá no começo estava distante de nós, agora fica face a face, pois realmente precisamos tomar remédios o resto da vida e ser normal no entanto, se torna chato,temos menos euforia,menos pique. Pois a cegueira provisória que trazíamos conosco começa a desaparecer e com ela vem chegando o mundo real. Em euforia costumava ser dona de tudo, meu mundo, meu tudo,prepotência total,tudo pode,não faz mal e por ai vai.Já na depressão,era tudo solidão,mas sempre auto suficiente,não precisava da ajuda de ninguém,sofria sozinha,a dor que chegava sangrar por dentro,e o desejo de morte sempre constante,mas ninguém via,ouvia ou sentia,só eu. Agora fazendo parte desse mundo de verdade ,me senti péssima no início,entrei em depressão,tudo ficou muito sem graça. Mas agora sinto vontade de conversar com minha família,de pedir ajuda,de ficar em casa,mas os remédios me deixam muito cansada.e esse passado tão presente ainda me sufoca,me machuca,me revolta.Aprender a caminhar literalmente aos 30 anos não é fácil. Achar algo que me motive a seguir em frente e encarar é difícil, ser adaptada a um mundo totalmente liberal e ao mesmo tempo tendo que ser limitada a uma condição, a um transtorno que achei que encarando de frente ia ser tudo resolvido. Mal sabia que estava apenas começando, me introduzindo. não sinto vergonha em dizer que essa transição esta sendo frustrante para mim,não esperava isso,me sentia esperta e auto suficiente ainda com quase dois anos de tratamento.mas aos poucos tenho que encarar isso, ser forte, saber pedir ajudar quando precisar e sempre estar disposta a aprender mais. Saber fazer valer apena minha vida daqui para frente, prestar atenção a coisas que me fazem bem, que me trazem benefícios, buscar ser autora da minha vida,fazer projeções futuras para estar evoluindo e se nada é por acaso,se hoje me encontro nessa situação é por que provavelmente tem coisas esperando por mim,não lá atrás no passado que deixei,mas na frente,sempre a minha frente. Seria ótimo se todos os dias fossem estáveis, pelo menos a adaptação seria menos dolorosa. Mas a realidade é que mesmo com as medicações oscilamos, as vezes várias vezes ao dia,as vezes menos,mas nunca sei como vou acordar,se vou ter vontade de dar bom dia as pessoas,ou simplesmente ignorá-las. BY THATHY